quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Caim, Abel

Quem morre é sempre Abel. Caim continua, e seu rosto vai se parecendo cada vez mais com o do irmão. Roubou-lhe a vida por invejar-lhe a candura. Daria tudo para tê-la, mas nunca a terá. Sorri todo o tempo, mas sempre falta algo ao sorriso. Esconde a mão. Sabe que nela está a sua força. Sabe que por ela é que veio ao mundo. Para corrigir o erro de Deus quando exagerou na candura de Abel. Cada vez que o sorriso de alguém lhe devolve a imagem de Abel, os dedos se crispam, no bolso.

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