quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A vida é triste

Neste sábado, num lançamento de livro reencontrei um amigo da Ática. Conversamos um pouco. Notei uma tristeza grande nele, uma dessas tristezas que vêm da alma, bem do fundo dela. Uma tristeza dessas que são quase como um privilégio dos homens sensíveis. A tristeza nos escolhe, ela não se deixa bajular pelos tristes de ocasião, pelos que querem tê-la pendurada no pescoço como um colar ou uma gravata. A tristeza nos conquista aos poucos, ao longo da vida, fixa-se nos nossos olhos, acompanha nossos passos, nos diz a todo instante que, se não entendemos o mundo e nunca o entenderemos (porque nunca ninguém o entendeu nem o entenderá), nem por isso deveremos agir como aqueles que, porque os outros o fazem, riem às gargalhadas de um comediante que fala um idioma incompreensível. Na primeira pausa da conversa, ele disse, como se há muito essa frase pedisse para ser dita: a vida é triste, Raul. Saí da Saraiva repetindo aquilo, como se fosse um mantra contra o mau gosto e a mentira: a vida é triste, Raul.

Nenhum comentário:

Postar um comentário