"Toma a palavra, na gaiola alta,
Papagaio Real, meu Papagaio Louro,
sisudo e notável discursador!...
Muito bem!... Apoiado!...
Assim empoleirado,
de fraque verde com botões cor de ouro...
Não sabes, narigudo Papagaio,
o quanto admiro cada coisa em ti:
tua eloquência, teus passinhos tortos,
teu plastron rubro
e teu soberbo humor...
Mais uma vez, meu Papagaio,
quase humano,
meu confidente,
meu consolador!
Repete, discursando,
gravemente:
- 'Io t'amo!...'
- 'Je t'aime!...'
- 'I love you!...'
- 'Te amo!...'
- 'Te quiero!...'
- 'Ia vás liubliú!...'
Vai repetindo, amigo,
caridoso,
a cada instante, sem parar,
tudo o que a minha esquiva amada
teima em não me dizer..."
(Do livro Magma, publicado pela Editora Nova Fronteira.)
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