domingo, 22 de dezembro de 2013
No Natal,
às vezes alguém atende à porta e deixa o amor entrar. Mostra-lhe a árvore, a iluminação que pisca com precisão chinesa, os enfeites, a mesa, já quase toda posta. O amor olha para o sofá. Quem sabe. Mas o anfitrião o leva para a cozinha e deixa o amor aspirar todos os cheiros. Os olhos do amor se enchem de lágrimas. O anfitrião pede enfim que ele se sente no sofá e espere. O amor tenta lembrar-se da última vez em que o trataram assim. Dali a minutos o anfitrião volta. Traz um prato, onde desponta uma magnífica fatia de carne e farofa, e um copo cheio de vinho. O prato é de alumínio, o copo é de plástico. O amor quer sentar-se à mesa. O homem, porém, o conduz gentilmente de volta à porta e só ali lhe entrega o prato e o copo. Já na rua, o amor retribui os votos de feliz Natal e quer sentar-se na calçada para começar a comer. O homem lhe diz que vá comer longe dali, porque seus convidados logo vão chegar, e gentilmente lhe diz que não precisa devolver nem o prato nem o copo. Que, por favor, se for jogá-los fora, os jogue bem longe.
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