segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

"Viagem noturna", de Seamus Heaney

"O lugar-comum tinha novas fragrâncias
Na viagem noturna pela França:
Chuva e feno e floresta na atmosfera
Circulavam ar quente no carro aberto.

Placas branqueavam inexoráveis
Montreuil, Abbéville, Beauvais:
Em promessa e promessa, indo e vindo,
Cada local o que há no nome cumprindo.

Uma colhedeira a gemer fora de horas
Sangrava sementes na luz do farolete.
Um incêndio na mata ia ardendo lento.
Um por um os cafés fechavam as portas.

Não parei de pensar em você ali a
Mil milhas ao sul onde a Itália
Dá o lombo à França na dura esfera.
Seu lugar-comum ali revivera."

(De Poemas, tradução de José Antonio Arantes, publicado pela Companhia das Letras.)

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