A poesia há de ser em nós um castigo, nunca um prêmio. Há de nos doer, machucar, afligir. Nós a extrairemos de nós dolorosamente, como se fosse um pássaro entalado na garganta. Por ela nós nunca receberemos prêmios, nem condecorações. Nela sempre haverá um deslize a ser apontado, uma nódoa, uma irremovível mácula. Ela nos humilhará, nos marcará por várias gerações, será sempre um convite para que nos levem à Sé e urinem em nós de alto a baixo. Ela será sempre danação, nunca alívio, e por causa dela, daqui a vinte, trinta, cinquenta anos, algum garoto de escola será ridicularizado porque alguém dirá: "Esse aí é descendente daquele imbecil, aquele."
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