quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Um poema de Jacques Roubaud

  "Tua morte não para de acontecer     de se acabar

  Não    só    tua    morte.    morta    estás.    não

há nada a dizer.    e    o    quê?   inútil.

  Inútil o irreal do passado       tempo inqualificável.

  Mas tua morte em mim progride    lenta    incompreensivelmente.

  Continuo acordando em tua voz   tua    mão   teu   cheiro.

  Continuo a dizer teu nome     teu nome em mim    como se estivesses

  Como se a morte tivesse gelado apenas a ponta de teus dedos
apenas tivesse jogado uma camada de silêncio sobre nós   tivesse
parado diante de uma porta.

  Eu atrás     inrédulo."

(Do livro Algo  :   preto, tradução de Inês Oseki-Dépré, publicado pela Perspectiva.)





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