"Tinha a dama um vestido
Em veludo violáceo
E a túnica em ouro bordada
Compunha-se de dois panos
Que se amarravam no ombro
De olhos dançantes como anjos
Ela sorria ela sorria
Tinha um semblante das cores de França
Olho azul dentes brancos e lábios bem rubros
Tinha um semblante das cores de França
Ela usava um decote redondo
E um penteado à Récamier
Com lindos braços nus
Nunca se vai ouvir meia-noite bater
A dama em veludo violáceo
De túnica bordada em ouro
Usando um decote redondo
Passeava as suas madeixas
O bandô de ouro
E arrastava os sapatos de fivelas
Ela estava tão bela
Que não ousarias amá-la
Eu amava as mulheres atrozes nos bairros enormes
Onde a cada dia nascem alguns seres novos
O ferro era seu sangue a chama era seu cérebro
Amava amava o povo das máquinas hábil
O luxo e a beleza são só a sua espuma
Essa mulher era tão bela
Que até me dava medo."
(Do livro Álcoois, tradução de Mario Laranjeira, publicado pela Hedra.)
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