terça-feira, 18 de março de 2014
Benditos sejam os...
que nos ferem. Só os que amamos muito têm o dom de nos ferir. Benditos os que não nos deixam dormir, os que povoam cada instante de nossa vida com suas lembranças. Delas, das lembranças, são sempre as tristes que acabam ficando, e são essas que valem a vida. Não as fotos no parque ou na exposição, não aqueles sorrisos escandalosamente mancomunados, não aquela pose compromissada com a aparência que a cena terá dez anos depois. Ah, as fotos que nunca se bateram e nunca se baterão, aquelas dos encontros desmarcados, aquelas da noite da qual se esperou tanto em vão, debaixo da chuva, ah, essas são as fotos que ficam para sempre. Nada as apaga da alma, essas fotos que tiramos todos os dias, e continuaremos a tirar sempre, com a imaginação exaltada e as mentiras com as quais vamos mantendo vivo nosso tolo coração.
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