segunda-feira, 24 de março de 2014
No jornal (Major Quedinho) - 60 - Cláudio, o Imperador
Na década de 1960, quando eu entrei na revisão do Estado, dizia-se, no jornal e fora dele, que Cláudio Abramo era quem mandava e desmandava ali. À revisão tudo chegava como eco, nessa época. O único secretário de redação a nos visitar, abrindo um diálogo, já no fim da década de 1970, foi Clóvis Rossi. Não sei se a fama de manda-tudo de Cláudio Abramo era de todo justificável. Creio que sim, porque ele mesmo parece confirmá-la em depoimentos. Sei que sua imagem, pelo menos a que passou a nós, revisores, era a de um ser que pairava sobre todos os outros na Major Quedinho. Na entrada do prédio, nas noites em que os revisores, antes de voltar ao trabalho, ficavam conversando ali depois de um conhaque no Mutamba, quando ele surgia havia um alvoroço: Ecce homo. Oswaldo de Camargo, uma pessoa educadíssima (quando esse tipo de gente existia), cumprimentava: "Boa noite, seu Cláudio." A resposta nunca veio, nem em forma de gesto. Assim foi por muitas vezes, todas aquelas em que Oswaldo persistiu em seu cumprimento. Pelo menos no quarto andar, o da revisão, oficializou-se o tratamento de Cláudio, o Imperador.
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