Em Beckett, quem toca a (in)ação não são protagonistas, nem personagens. Talvez pudéssemos chamá-los de pessoas, se em algum momento eles fizessem algum esforço para agradar-nos. Beckett é antiépico, anti-heroico, sufoca a esperança em cada frase e nos faz um convite que relutamos em aceitar: o de nos reconhecermos naqueles vagabundos, naqueles maltrapilhos que, com o peso incontornável da regra, nos mostram como são inúteis e grotescos todos os sonhos de grandeza e glorificação. O humano é isso, embora quiséssemos que não. Godot jamais virá - e, se vier, só confirmará essa regra. Virá comendo um pão sujo, rodeado de moscas.
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