Estão nus e, ajoelhados na cama, abraçam-se. Faz uns minutos que estão assim. Esqueceram-se de algum detalhe e olham ao mesmo tempo para o criado-mudo. Ela estica o braço esquerdo, ele estende o direito, mas não chegam a pegar o livro. O movimento súbito - talvez o abrupto roçar dos joelhos, quem sabe o balançar dos seios dela ao se mover - acendeu nos dois uma desajeitada urgência que os faz deixar para depois a consulta ao
Kama Sutra. Com o que já sabem, darão conta daquilo com um pé nas costas, ele pensa - e precisa concentrar-se, porque a metáfora o leva a se lembrar de algumas das ilustrações do livro e o instiga a rir.
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