terça-feira, 3 de junho de 2014

Um poema de Eugenio Montale

"A franja dos cabelos que te cobre
a testa de menina, não deves afastá-la
com a mão. Também fala
de ti, na minha estrada é todo o céu,
única luz com a do jade que tens
a te cercar o pulso, no tumulto
do sono a cortina que teus perdões
desprendem, as asas que te movem,
Ártemis transmigrante, ilesa,
por entre as guerras dos natimortos; e se ora
de penugens aéreas se enflora
a paisagem, és tu quem a marmoreias, subitamente
descida entre nós, e irrequieta tua fronte
se confunde com a aurora, e a esconde."

(De Poesias de Eugenio Montale, tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti, publicação da Record.)

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