"A sorte está lançada; e para sempre
Mestre e discípulo, amigo, amante, pais e filhos,
Caminham separados, embora juntos; cada um vê
Os que ama tão longe como as estrelas.
Nós também, meu amor, para sempre separados,
Com pranto nos aproximamos, com pranto contemplamos a baía,
As Grandes Portas: como duas grandes águias que voam
Sobre uma montanha, por gritos unidas
Até se perderem entre os cedros.
Mas os anos
Aproximar-nos-ão, dia após dia,
Semana após semana; prender-nos-ão até por fim a morte
Dissolver esta longa separação. Com fé amamos,
Não com o conhecimento; e pela fé, embora separados
Vivemos em perfeita união, coração com coração.
Esquecemos
O pouco que somos e as nossas almas
Alimentam-se de grandes decepções.
Como um homem que de cruel guerra regressa
Sem temor, ou o marinheiro dos abismos;
Como o caminhante que regressa da noite gélida e dos bosques
Possa alguém chegar com o orvalho ao festim
E nos seus olhos deixar a escura noite."
(Do livro Poemas de Robert Louis Stevenson, tradução de José Agostinho Baptista, publicado pela Assírio & Alvim.)
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