"Mas tu, que dantes, já nas encruzilhadas, quando
A teus pés caí, consolando-me, me apontavas para algo mais belo,
Tu que me ensinaste a ver a grandeza e a cantar os deuses mais alegremente,
Silencioso, como eles, contendo o meu entusiasmo,
Filha dos deuses! Voltarei a ver-te, voltarás a saudar-me, como dantes,
Voltarás, como dantes, a falar-me de coisas sublimes?
Olha, tenho que chorar e lamentar-me diante de ti, pelo menos,
Ao pensar em momentos mais felizes, dos quais a alma se envergonha.
Porque demorei tanto, tanto tempo a procurar-te por pálidos caminhos terrestres,
Habituado a ti, errante,
Anjo de alegria! Mas em vão e os anos escoaram-se,
Desde que, cheios de pressentimentos, à nossa volta víamos o fulgor crepuscular."
(Extraído do poema "Pranto de Ménon por Diotima", do livro Elegias de Friedrich Hölderlin, tradução de Maria Teresa Dias Furtado, publicação da Assírio & Alvim, Lisboa.)
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