"Não é tolo. Como amante, sua folha não é nada notável, e ele sabe disso. Nunca provocou no coração de uma mulher o que se chamaria de grande paixão. Na verdade, olhando para trás, não se lembra de ser objeto de uma paixão, de uma paixão verdadeira, de nenhum grau. Isso deve revelar algo a seu respeito. Quanto ao sexo em si, estritamente falando, o que ele provê, desconfia, é bastante escasso; e o que recebe de volta é escasso também. Se alguém tem a culpa, é ele mesmo. Pois, na medida em que lhe falta ânimo, em que se preserva, por que a mulher não haveria de se preservar também?
Sexo é a medida de todas as coisas? Se fracassa no sexo, fracassa em todo o teste da vida? As coisas seriam mais fáceis se isso não fosse verdade. Mas, quando olha em torno, não vê ninguém que não se apavore com o sexo, a não ser, talvez, alguns dinossauros, remanescentes da era vitoriana. Mesmo Henry James, na superfície tão respeitável, tão vitoriano, tem páginas em que sombriamente insinua que tudo, afinal, é sexo."
(Do romance Juventude, tradução de José Rubens Siqueira, publicado pela Companhia das Letras.)
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