Os poloneses não morrem de amor pelos russos, e imagino que a recíproca seja verdadeira. No caso de minha mãe, a desafeição tinha a ver com Dostoievski. Não que ela fosse uma conhecedora da literatura. A birra começou no dia em que eu, entusiasmado com a leitura de
Crime e castigo, citei Raskolnikov e sua machadinha. Depois disso, toda vez que eu aparecia com algum livro tomado de empréstimo na biblioteca, ela dava uma espiada na capa. Temia que fosse outro russo, quem sabe com um serrote escondido no paletó.
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