"Não queremos visitas, dissemos:
Elas vêm e não mexem o traseiro;
Vêm quando já nos recolhemos
E ficam presas por um aguaceiro;
Elas vêm quando tristes e amoladas
E bebem da garrafa do nosso coração.
Quando se esvazia, as hordas, alegradas,
Cantando o Rubayat embora se vão.
Resisto. Estava trabalhando, expliquei;
O criado morreu, eu estava sem gim.
Apareci barbado ou nem as caras eu dei
E houve várias outras histórias assim.
Chatos e amigos, tratei com descaso igual,
Olhar distante, impaciência e desdém.
Já os que tinham bom-senso por capital
Viram: queríamos a casa sem ninguém.
Porém, os tolos, os enjoados e o charlatão,
O tagarela, a alma solitária, o rico de araque,
Que não ousavam nos incomodar até então,
Vendo-nos sozinhos, armaram o ataque.
Tomando por atenção o silêncio; e a fúria, até,
Por eco de suas próprias batalhas campais,
Exultaram por não termos o 'nariz em pé'.
Mas os agradáveis não voltaram, nunca mais."
(De Pileques, drinques e outras bebedeiras, tradução de Donaldson M. Garschagen, publicado pela Má Companhia.)
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