"Desde o Natal estão com a gente,
Claros e inocentes,
Bichos de alma oval,
Tomando metade do espaço,
Movendo e roçando sua seda
Invisível, o ar os leva,
Gritando e estourando
Quando feridos, murchando até o fim, em convulsão.
Cabeça de gato amarela, peixe azul -
Em vez de uma mobília velha
Com que luas estranhas convivemos:
Esteiras, paredes brancas,
E estes globos peregrinos
Cheios de ar leve, verde ou vinho,
Divertindo
O coração como desejos ou pavões
Livres, abençoando
O antigo chão com suas penas
Folheadas em metal.
Seu irmão caçula
Está fazendo
O balão miar feito um gatinho.
Parece ver
Do outro lado um mundo cor-de-rosa, comestível,
Ele morde.
E cai
Pra trás, jarra cheia,
Contemplando um mundo claro como água.
Um trapo vermelho
Sobra em seus dedinhos."
(Do livro Poemas, tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maurício Arruda Mendonça, publicação da Iluminuras.)
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