Já fomos verdes. Nossa verdidão
Com tamanho verdor reverdecia
Que às vezes já nem real nos parecia,
Mas mero fruto da imaginação.
Já fomos de ouro. E nossa cor então
Tão forte e tão esplêndida luzia
Que disparate eu não cometeria
Se a equiparasse às chamas de um vulcão.
Já fomos vivos, já tivemos flores,
Fomos casa de ariscos beija-flores,
Honras de que a memória nunca esquece.
Mas hoje é o cinza-escuro a cor que temos,
Já não brilhamos mais, anoitecemos,
Enquanto a solidão amadurece.
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