quinta-feira, 26 de março de 2015
Trecho de carta
Bateu-me uma vontade grande de lhe escrever algo bem simples, bem leve, esfiapento, fiaposo, sem peso e, quem sabe, sem nenhum significado, alguma coisa dessas que uma criança quer escrever, embora ainda não saiba. Gostaria que esta fosse a melhor de todas as mensagens já enviadas por mim a você, e eu a dirijo à menina que certamente você ainda acolhe no peito como uma boneca e talvez seja, abençoada e merecidamente, a sua melhor parte. Mando-lhe isto que não sei definir e que, porém, gostaria que fosse alguma coisa na qual você sentisse meu afeto (e que fosse o mais tolo e o mais boboca dos afetos). Mando-lhe como um cumprimento matinal isto, que soaria bem se soasse como o mais singelo, o mais tímido e o mais desajeitado de todos os ois.
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