Quando escrevo sobre mim, eu não sou eu. O homem que eu sou não tem nada importante a dizer. O homem de quem falo é um personagem, alguém que eu tento transformar de tal modo que o leitor possa interessar-se, ainda que minimamente, por ele. Pelo leitor e para seu benefício, posso ser mulherengo, traidor, inconsequente, cruel e proxeneta. Literatura não é depoimento, e eu não escrevo para revistas da família cristã. Por que a ficção há de ser utilizada só em proveito do leitor? Por que o escritor não pode ser mulherengo, traidor, inconsequente, cruel e proxeneta?
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