Que tolos somos nós quando revelamos a pretensão de eternizar certos momentos, como um beijo que se obteve enfim como dádiva suprema ou o voo de um pássaro que por dois segundos marcou a linha do horizonte. A beleza é a beleza por ser um lampejo único e irrepetível. Como nos pareceria insípido o beijo se os lábios se mantivessem colados para sempre, como o de duas estátuas, e se o pássaro se fixasse como se o céu fosse um cenário de teatro pregado por mão inábil e as asas não passassem de dois pregos negligentemente deixados à mostra.
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