segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Lunático
Talvez eu só não tenha morrido porque precise pagar ainda uma última conta com o romantismo. Imaginava ter saldado todas, desde o momento em que, com os olhos tomados pela insanidade do amor, por mil e uma noites tentei seduzir estrelas. Na milésima segunda consegui trazer uma que levei, na palma da mão, à casa de minha amada. Ela me chamou de louco. Ficou com a estrela, mas passou a me evitar. A esse episódio somaram-se outros (num deles fisguei um fiapo de arco-íris, que a amada recusou e guardei num livro de contos de Katherine Mansfield). Não posso queixar-me. Tenho sido chamado talvez de todos os nomes que designam um homem ao qual, como se diz, faltam vários parafusos. Isso me lisonjeia, mas penso ter feito pouco para merecer tudo isso. Ultimamente venho me dedicando, noite após noite, a observar a Lua.
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