Há quase três anos, quando a insônia lhe crava as garras, imerge um punhado de pétalas num copo de água, joga açúcar, mexe tudo bem com a colherzinha, diz solenemente o nome dela três vezes na solidão do quarto e, três vezes também, pronuncia com fervor: volta, volta, volta. Há três anos ele se entrega a esse ritual com o mesmo empenho e igual esperança. Nunca a ninguém mencionou, nem ninguém parece ter suspeitado, essa conjuração noturna. Se bem que nos dois últimos meses alguns amigos venham dizendo que emagreceu e outros tenham observado que anda muito pálido.
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