"Feroz é o vento que retine nos vitrais
e encurva os ramos e se enreda nos trigais
e se contorce entre as mandíbulas do mar
e arranca as ervas que rastejam nos quintais
Feroz é o vento, feroz
o seu cortejo de punhais, qual furiosa
orquestra de ciclópicos jograis
(as bruxas sopram no oboé das tíbias
e bailam duendes sobre o gume dos cristais)
Feroz, feroz é o vento
quando desperta seus esfíngicos fantasmas
e os sacode como sórdidos miasmas
às bordas do fugaz e inútil pensamento
Feroz é o vento.
(De Poesia reunida, edição de A Girafa.)
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