Quando numa palestra perguntam ao velho poeta "e o amor?', ele para de falar, tira os óculos, concentra-se, demora-se como se estivesse diante da única pergunta essencial para a compreensão do homem e do seu destino, enruga a testa, parece encontrar uma pista e, como se houvesse voltado de outro tempo e dimensão, confia na discrição dos ouvintes e põe-se a falar de qualquer coisa, de tudo menos do amor. Nessas ocasiões, alguém da plateia, por sua própria experiência ou por ter um ângulo especial de visão, talvez veja o poeta passar o dedo no rosto, como se por ele ainda pudesse deslizar uma lágrima.
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