sábado, 11 de junho de 2016
Um aviso da série dos penúltimos
Ando relapso com o blog. Não me empenho mais como no início. Ele já está com seis anos e meio, 24 mil postagens, e venho me sentindo como se tivessem decorrido dez anos ou mais. Surpreende-me haver chegado até aqui. Devo ter sido hábil não propriamente em conseguir assuntos para preencher tanto tempo e espaço, mas em levar os leitores a acreditar que os tivesse. Seja como for, sinto-me cansado e, além disso, vem pairando sobre mim, levantada por mim mesmo, uma suspeita de fraude. Merece isto aqui ser chamado de blog ou será apenas um diariozinho como tantos outros, sem relevância a não ser para mim mesmo? Quando me ronda esse início de remorso, conforta-me saber que o reduzidíssimo número de leitores diários talvez seja motivo suficiente para me absolver. Absolvo-me, portanto, e firmo comigo mesmo o compromisso de tentar, a partir daqui, algo que certamente não consegui desde o primeiro dia, em 2010: dar alguma utilidade a este espaço. Suspeito que a melhor forma de obter isso seja ir rareando os textos, até que o último se imponha como a mais natural das ocorrências. Peço-lhes desculpas por tê-los feito perder o tempo que perderam com minhas baboseiras. A verdade é que explodiu diante de mim, nos últimos dias, como um armário atirado do décimo quinto andar, a convicção de que eu jamais deveria ter presumido ser capaz de lidar com a literatura. Não me queiram mal. Hei de ir matando o escritor que imaginava ter dentro de mim, para que o homem comum, este que sou e fui sempre, possa morrer sem a aflição de achar que a humanidade perderá alguma coisa quando eu esticar minhas prosaicas canelas.
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