"O mensageiro
Três anos o esperamos
Olhos fixos nos pinheiros,
Na margem e nas estrelas.
Estreitamente unidos à relha da charrua, à quilha do barco,
Queríamos achar a semente primeira
E que recomeçasse o drama tão antigo.
Voltamos a casa esfalfados
Os membros partidos, a boca roída,
Pelo gosto da ferrugem e do sal.
Ao despertar, navegamos para o Norte, estrangeiros,
Enterrados no coração dos nevoeiros
Por asas imaculadas de cisnes que nos machucavam.
Nas noites de inverno, o vento furioso do Leste deixava-nos loucos.
No verão, desorientávamo-nos na agonia do dia incapaz de morrer.
Trouxemos estes entalhes de uma arte bem humilde."
(Tradução de Darcy Damasceno, coleção Prêmios Nobel de Literatura, Editora Delta.)
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