"O olhar do poeta olhando obsceno
vê a superfície do mundo
redondo com seus tetos de porre
e passarinhos de madeira em varais
seus machos de argila e fêmeas
de peitos em botão e pernas quentes
em camas de desmontar
e seu mistério carregado nas árvores
seus parques dominicais de estátuas mudas
sua América
rica de localidades fantasmas e ilhas de formalidades vazias
e a paisagem surrealista composta de
campinas sonhadoras
subúrbios - supermercados
cemitérios de aquecimento a vapor
cinerama feriados
e catedrais protestantes
um mundo à prova de beijo com assentos de privada de plástico tampax e táxis
caubóis drogstorizados e virgens las vegas
índios renegados madames cinemalucas
senadores irromanos conformistas conscienciosos
e todos os outros fragmentos fatais podados
do sonho do imigrante feito real demais
e extraviado
no meio dos banhistas ao sol."
(Tradução de Eduardo Bueno, poema do livro Um parque de diversões da cabeça, edição da L&PM.)
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