"De pé,
Perto desta água morta e triste,
Sob o inverno dos raios e os lagos da lua,
Ele sonha ainda com a obra do assassino,
Mais pesada em seu coração que a pesada noite.
Ela veio, a voz do sonho esfacelado,
Devagar no ar silencioso,
Como a mão que não tem força.
E no entanto, antes do negro grito dos corvos,
Ele estava ali, de pé, indiferente.
E no entanto, ouvia.
Assim ouviu a voz,
Doce como um perfume, chamar pelo seu nome,
Uma vez somente.
E depois o eco esmoreceu aos poucos...
Mas viam-se fugir, a cada batida do coração,
As asas do horror.
A mesma vida sempre acabava de morrer."
(De O vento da noite, tradução de Lúcio Cardoso, Civilização Brasileira.)
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