"A primavera é boa, como o inverno. A alma deve temperar-se e endurecer-se, deve também abrir-se e distender-se. Respeita cada necessidade nova que apareça em teu coração, é uma revelação, é a voz da natureza, que te desperta para uma nova esfera da existência; é a larva que palpita e pressente a borboleta. Não abafes os teus suspiros, não devores as tuas lágrimas: anunciam uma grandeza desconhecida, ou um tesouro olvidado, ou uma virtude que se afoga e clama por socorro. A dor é boa, porque faz conhecer o bem; o sonho é salutar, porque pressagia uma realidade mais bela; a aspiração é divina, porque profetiza o infinito, e o infinito é Maia, a forma sorridente ou sombria de Deus."
(De Diário íntimo, tradução de Mário Ferreira dos Santos, publicação da É Realizações Editora.)
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