"Jamais pude pronunciar uma palavra desonesta a uma mulher, e me são precisos ainda esforços para não enrubescer quando outros a pronunciam. Corei muito mais vezes pelos outros, em lugar dos outros, do que por mim mesmo; a testemunha é que ficava embaraçada. Essa timidez tola deixa-me ainda arrependimentos: mais lastimo alguns beijos que poderia, deveria mesmo ter dado, em Estocolmo, em Cherburgo e em outros lugares, do que algumas ações condenáveis. Estas recordações de uma voluptuosidade casta me são caras; têm mais perfume para mim, do que, sem dúvida, a posse completa, para um libertino."
(De Diário íntimo, tradução de Mário Ferreira dos Santos, publicação da É Realizações Editora.)
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