Não estranhem se, neste período natalino, encontrarem minha lojinha fechada, um dia ou dois. Confio cada vez menos na sua utilidade. Os poucos fregueses que ainda a visitam têm, pelo que lhes ofereço, um amor piedoso, quase compassivo, um desses afetos ditados por uma consciência ou culpada ou já excessivamente comprometida com os apelos à solidariedade. Não estranhem, também, se a loja estiver aberta até no domingo de Natal. Acostumei-me a viver aqui, entre esses objetos que nada dizem a ninguém senão à minha memória, que os protege e mima como uma mãe protege e mima um filho único.
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