"A cada dia, por ser hoje,
Eu te agradeço.
Por esse quarto à meia-luz
E outros mundos,
Por esse gosto de amêndoa
E outros prazeres.
Pela incerteza essencial
Sobre mim mesma,.
E estas palavras
Desde há pouco sem proveito,
Entranha, mistério, vereda
- Eu te agradeço.
A cada noite inaugural
E derradeira,
Que sustém
Não menos que o suficiente,
Bendito o fruto, o sal, o chão
E este silêncio.
Fundo de ravina o meu lugar,
Se já não creio.
Alto de um monte, se resisto.
E descrendo, resistindo,
Eu agradeço.
(...)"
(Do livro Almádena, Editora Iluminuras.)
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