"Surpreendi-me com frequência a desejar morrer e, contudo, a minha ambição de felicidade não ultrapassa quase a de um pássaro; asas! sol! um ninho! Vivo os meus dias e minhas noites na solidão, por gosto, parece: ó não, é por enfado, por obstinação, por vergonha de ter necessidade de outrem, por vergonha de confessá-lo e por medo de agravar a minha escravidão, ao reconhecê-la. Defendo-me um pouco da malignidade humana, e mais ainda, porém, das desilusões, melhor, das decepções."
"O amor sublime, único e invencível, leva direto à beira do grande abismo, porque fala imediatamente de infinito e de eternidade. É eminentemente religioso. Pode mesmo tornar-se religião. Quando tudo ao redor do homem oscila, treme, vacila, e se obscurece nas longínquas obscuridades do desconhecido, quando o mundo não é mais que ficção e magia, e o universo mais que uma quimera, quando todo o edifício das ideias se desvanece em fumo e todas as realidades em dúvida se convertem, que ponto fixo pode restar ainda ao homem? O coração fiel de uma mulher."
(De Diário íntimo, tradução de Mário Ferreira dos Santos, publicação da É Realizações.)
Não li o livro. Mas está na minha lista desde tua sugestão no post do Liberato.Tenho vários não lidos,comprados no impulso.(E ,pior,os adquiridos porque o autor estava na feira do Livro de minha cidade). Vou priorizar os sugeridos. abs.
ResponderExcluirIone, indicar livros que ainda mexem fundamente comigo é uma satisfação. Esse do Amiel é de se deixar sempre à mão e ir lendo aos pouquinhos, como pedacinhos de ambrosia. O do Pamuk, não. É de se ler conforme o ritmo apaixonado que ele dita. Um lirismo de violino apaixonado, como o do nosso Liberato.
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