"Quando a maré baixava na praia de madrugada, eu acordava ao som da conversa das gaivotas. Nos piores dias, era como se estivesse morto e os pássaros devorando meu coração. Mais tarde, depois de cochilar por algum tempo, a maré subia, cobrindo a areia docemente como a sombra que desce nas colinas quando o sol se esconde atrás das montanhas, e as primeiras ondas começavam a bater nos suportes do ancoradouro embaixo da janela do meu quarto, o choque subindo, num fragmento de tempo, do quebra-mar para as mais íntimas passagens da minha carne. 'Bum!', batiam as ondas na amurada , e era como estar sozinho num barco, no mar sombrio."
(Tradução de Aulyde Soares Rodrigues, publicação da Editora Nova Fronteira.)
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