"A ampulheta sussurra ao rugido do leão.
Diz o relógio da torre ao jardim lá perto,
Que, sendo o Tempo paciente com os erros, quão
Errados eles estão de estarem sempre certos.
O Tempo, no entanto, quer badale grave ou alto,
Por veloz que se despenque em torrente raivosa,
Nunca de leão algum logrou deter o salto
Nem abalar jamais a firmeza de uma rosa.
Para ambos, só o sucesso importa, pelo jeito:
Enquanto escolhemos as palavras pelo som
E julgamos um problema por seu desajeito.
O Tempo sempre nos traz divertimento, e bom:
Quem não prefere dar umas voltas, fazer hora,
Em vez de vir direto para onde está agora?"
(Tradução de José Paulo Paes, extraído de Poemas, Companhia das Letras.)
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