"Pessoa amou uma mulher, Ofélia, a ponto de pensar em casar com ela, ou de fingir que pensara nisso. Sua obra é cheia de poemas e de páginas de prosa que exaltam a mulher amada - sempre virgem, se possível mãe, e de preferência ausente. É um devoto do Eterno Feminino, mas esse culto da feminilidade,em si, situa-se num espaço imaterial, longe da esfera dos sentidos, fora do corpo. Pergunto-me se sua vocação inconsciente não seria satisfazer simultaneamente duas exigências contraditórias, que um Gide, entre outros, conseguiu perfeitamente conciliar: casar com a alma de uma mulher e com o corpo de rapazinhos."
(Do livro Fernando Pessoa - Estranho e estrangeiro, Editora Record.)
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