Desde menino conheço a poesia. Dividi com ela frutinhas, pipocas, beijos. Fizemos brincadeirinhas infantis e, na última fileira do cineminha do bairro, nossos lábios tinham gosto de hortelã. Quando hoje ela nega tudo isso, eu, por não ter espírito rancoroso, me contenho e não digo nada sobre aquela tarde na qual, citando Baudelaire, ela me perguntou se já não era hora de eu perder minha pureza.
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