Eram oito da noite. Ele caminhava com a prima pela praça. Passaram por um busto. Ele tentou ler a placa.
"Quem é este?"
A prima forçou os olhos também:
"Não sei. Acho que é um poeta."
"Você mora aqui e não sabe?"
"Esqueci o nome. Mas era um poeta, uma coisa assim."
"Uma coisa assim?"
"É. Vamos indo? Você deve estar morto de fome. Quero preparar um macarrão para nós."
Ele se deixou levar, já sem entusiasmo. Quinhentos quilômetros, uma hora de avião, uma antevisão de gozo, quase luxúria, e subitamente a decepção. Sentiu vontade de pedir à prima que, em vez de levá-lo ao apartamento, o conduzisse de volta ao aeroporto. Que lástima era pensar em fazer fosse o que fosse, até mesmo jantar, com uma prima capaz de comparar um poeta a uma coisa.
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