Raul Drewnick

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Na Major Quedinho, na Caetano Álvares

Vou descobrindo que sou feito de papel, que sempre fui assim, feito de papel. Um papel no qual a vida rabiscou anotações, determinou seu roteiro para mim, moveu os meus passos. Minhas geografias não foram as da latitude e as da longitude, não cruzei mares, não atravessei territórios. Andei por países, muitos, de diversas eras, levado por livros e pela imaginação solta. Até hoje, quando saio, ando com minha Bic e meu bloquinho de papel. Com ela e com ele imaginei sempre que pudesse registrar ao menos algumas coisas do mundo. Meu mundo está se esfarelando. As traças fazem seu ataque final e minhas lembranças vão todas se apagando. Dizem que estão sendo transferidas para arquivos digitais. Não sei, jamais saberei acessá-los. Quando me veem de manhã sentado com meu jornal, riem de mim. O mundo não está mais nessas páginas, o mundo virou um apertar e desapertar de teclas que não compreendo. Meu mundo passava pela Major Quedinho e pela Caetano Álvares. Aquilo que eu chamava de meu mundo.

Raul Drewnick às quarta-feira, abril 04, 2018

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Raul Drewnick
São Paulo, São Paulo, Brazil
Sou um homem que ama a literatura e desde os 12 anos, quando li A Comédia Humana, de William Saroyan, tenta ser escritor. Tenho muitos livros publicados, mas quem diz se alguém é escritor são os leitores. Então, cada livro meu repete a pergunta: sou um escritor?
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