"Ainda que você continuasse vivo,
nunca teríamos nos falado.
Suponha que tivéssemos partilhado uma estrada,
um carro, um banco, uma mesa -
Talvez você me oferecesse
um pedaço de pão, uma fatia de limão.
Ou então haveria suspeita,
ou medo, ou nada.
Agora, contudo, parece que pergunto
e você responde:
Por que a árvore está morrendo?
Está morrendo por falta de verdade.
Quem tapou os poços da verdade?
Aqueles com as armas.
E se eles matarem todos os que estão sem armas?
Então vão se matar uns aos outros.
Quando haverá compaixão?
Quando a árvore morta florir.
Esse é o tipo de coisa
que só acontece na poesia.
Tem razão em suspeitar de mim:
não posso falar de sua ausência por você.
(Por que então consigo ouvi-lo com tanta clareza?)"
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