"HORÓSCOPO
Você queria estudar
Os seus astros - os carcereiros
Da sua prisão, o zodíaco. Os planetas
Murmuravam fórmulas babilônicas -
Como os ossos de um xamã. Você temia, com razão,
Que os ossos rugissem muito alto,
Que um ouvido captasse com clareza
O que os ossos sussurravam
Ainda que imersos em carne cálida.
Mas você não precisava calcular
Os graus do seu disruptor do ascendente
Em Áries. Nenhum significado definido - nada mais,
Segundo o livro babilônio,
Que um rosto marcado. Que mágico
Poderia enxergar mais fundo sob a pele?
Para você, bastou olhar
No rosto mais próximo de sua metáfora
Tirada do seu armário ou de seu prato
Ou então do sol, da lua ou dos teixos
Para ver seu pai, sua mãe, ou a mim
A lhe trazer todo o seu Destino."
(De Cartas de aniversário, tradução de Paulo Henriques Britto, Record.)
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