quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Teoria
Há quem aceite Deus como criador do mundo pela simples razão de que para tudo há de haver sempre um culpado.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Bolero
Gosta, quando dança com ela, de chamá-la ao peito e deixar a mão livre lhe correr pelas costas até atingir a suave lombada que seus dedos começam a subir depois com cuidado, não por algum receio, mas para gozarem centímetro a centímetro o relevo sinuoso. Sempre que chegam ao topo do aclive, os dedos fixam-se ali, entre os dois carnudos hemisférios separados pela tênue linha que a saia quase não deixa o tato distinguir, e empenhados em apalpar sentem, com prazer e desprazer, que algo pode, que algo vai, que algo está inevitavelmente acabando antes da música.
Mais um papel daqueles ocultos
Marca-me fundo com o teu látego, marca-me no corpo todo, para que, quando decadente estiver e começar a ser escarnecido pelas mulheres, eu exiba tuas iniciais em mim e acreditem que bebi outrora em melhores taças e deixei a semente de minha juventude em lençóis mais alvos. Que cada rasgo desenhado por teu chicote em minha carne possa, quando tocado, acordar e fazer ferver outra vez meu sangue, ainda que eu esteja sobre uma rameira com dois dentes de ouro fosco na cama de um hotel treme-treme.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2019
Tanca
No parque sombrio,
Tocando-o com toque brando
E com o assobio
Soprado em compasso lento,
O vento embala o enforcado.
Tocando-o com toque brando
E com o assobio
Soprado em compasso lento,
O vento embala o enforcado.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
Espetáculo
Sonhei que, tendo escrito uma peça, na noite da estreia, terminado o segundo ato, o público se pôs a berrar empolgadamente "o autor, o autor", e eu corri em busca de qualquer saída, mesmo que fosse uma de emergência. Comecei a gritar "Esperem ao menos o tereceiro ato", porém minhas pernas fraquejaram e uma espetacular queda me deixou ao alcance de pontapés que me atingiam todas as partes do corpo, acompanhando o ritmo das vozes: "Farsante, farsante!"
Um papel, perdido entre tantos
Quando ela fala, uma abelha zumbe, embriaga minha nuca, e minha espinha parece estar besuntada de mel, e sobre ela começam a se mover formigas morosas, leves, lentas, enquanto a abelha zumbe, zumbe, e eu espero que ela zumba mais, mais, mais, e que as formigas continuem a se mover, morosas, leves, lentas, enquanto mel houver.
Coisas que só os aristarcos aprontam
Henrique Fendrich, da revista Rubem, me alerta: ficou bem menos charmoso conquistar Troia, depois da reforma ortográfica. Ainda bem, Henrique, que Helena continua Helena. Imaginou se agora fosse Doroteia?
domingo, 24 de fevereiro de 2019
Meninos eu vi
Pobres mortos de nosso tempo
que não deixamos dormir
e cujos nomes evocamos
quando aos jovens queremos fazer crer
que fomos importantes ontem
embora hoje não pareçamos ser
(ah se vocês tivessem estado
naquele estádio lotado
em mil novecentos e oitenta e três
ah se vocês tivessem visto
meninos o que o J
o que o L meninos
o que meninos o M fez).
que não deixamos dormir
e cujos nomes evocamos
quando aos jovens queremos fazer crer
que fomos importantes ontem
embora hoje não pareçamos ser
(ah se vocês tivessem estado
naquele estádio lotado
em mil novecentos e oitenta e três
ah se vocês tivessem visto
meninos o que o J
o que o L meninos
o que meninos o M fez).
Hoje na revista Rubem
Mais algumas das baboseirinhas nas quais venho me especializando.
https://rubem.wordpress.com/2019/02/24/miudezas-raul-drewnick/
https://rubem.wordpress.com/2019/02/24/miudezas-raul-drewnick/
sábado, 23 de fevereiro de 2019
Exclusão
Aquele constrangimento em que você fica quando todos dizem que é hora de mudar de assunto, sorriem para você, desculpando-se, e começam a falar baixo, cada vez mais baixo, de amor.
Resumo
Vocês não queiram saber
como foi que sobrevivi:
privações horrorosas
mulheres nada dadivosas
fomes do corpo
sedes da alma
pizzas sem bordas de catupiri.
como foi que sobrevivi:
privações horrorosas
mulheres nada dadivosas
fomes do corpo
sedes da alma
pizzas sem bordas de catupiri.
Ofício da escrita
Não há jeito de escapar,
Só há dois modos de ser:
É viver para contar
E contar para viver.
Só há dois modos de ser:
É viver para contar
E contar para viver.
Ocasião
Aos oitenta para o poeta
mais vale um bom prato de polenta
e um pote de geleia
que os dez cantos
de uma epopeia.
mais vale um bom prato de polenta
e um pote de geleia
que os dez cantos
de uma epopeia.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019
Detalhe
Escrever tem sido igual, desde a primeira vez, décadas atrás. O que vem mudando é a esperança, cada dia mais mirrada.
Cotação do dia
Sinto-me como alguém que subitamente, num velório, descobre que está deitado porque é o morto.
Hoje no Estadão
Para quem tem um tempinho a perder
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/mixordia/
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/mixordia/
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
Mapa
O sexo é para ele, hoje, uma ilha distante na qual não sabe mais se esteve algum dia, mas à qual sabe que não voltará.
Kama Sutra (sobra de arquivo)
Na lanchonete a mulher, na quarta tentativa, conseguiu puxar com a língua uma migalha de pão do lábio superior. Ele, na mesa vizinha, acompanhando as quatro rápidas fisgadas, sentiu uma inquietação morna, igual à da tarde, anos antes, em que viu na aula de educação física uma garota tirar meticulosamente do joelho uma casca de ferida.
Kama Sutra (texto recuperado)
Olha mais uma vez para a mão. Há pelo menos meia hora, já, que ela se mostrou tão surpreendentemente audaz, mas ele parece não acreditar ainda no que ela foi capaz de fazer. Olha para ela de novo, e de novo a cheira, para que o odor marinho o convença.
Kama Sutra (texto avulso)
Dez minutos depois, a balinha com que ela o atraiu para os joguinhos amorosos já quase não conserva o gosto de hortelã, mas ele se empenha ainda em tocá-la, disputando-a língua contra língua, entre suspiros agonizantes.
Dias depois
Sonhei que me procuravas
Com teu sorriso fatal,
As mentiras, tudo igual,
E por sorte não me achavas.
Com teu sorriso fatal,
As mentiras, tudo igual,
E por sorte não me achavas.
Missão
Gostaria de ser um mártir daqueles que, morrendo pelo amor, lamentam só poderem fazer isso uma vez.
Sensações
Hoje, se pensa no sexo e em suas engenhosas práticas, seu sorriso é o mesmo que abre ao se lembrar do bolo de fubá que a avó fazia quando ele era menino.
Kama Sutra (papel avulso)
Recordando-se da época em que ganhara o pão alugando o corpo, vieram-lhe lembranças de um garoto que lhe pedia sempre o mesmo: que o ordenhasse com os lábios. Não era o único. Alguns dos velhos asquerosos que a frequentavam também apreciavam essa especialidade, mas nenhum tinha um membro tão pequeno e adorável quanto o dele, e também nenhum sorria tão agradecidamente satisfeito depois de exaurido.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Da mais escondida das gavetas
Com os lábios carregados de batom escarlate, ela imprime a boca na palma da mão e põe-se beijá-la. Quando o fôlego lhe falta, ela para e murmura: "Íris, Íris..." Logo volta aos beijos e, com os olhos já fechados pela volúpia, sussurra: "Carla, Carla..." Quando já não sabe se beija Íris, Carla ou as duas, aperta entre as coxas a mão em que palpita a boca e, como toda noite, sussurra: "Obrigada, amor, obrigada."
Mudança de alvo
Primeiro distraidamente, depois com intenção e ritmo, alisava o pescoço dela, quando notou que ambos imaginavam como seria se, em vez de ali, os dedos dele estivessem fazendo eriçar-se outra penugem, mais espessa e macia.
Grandeza
As mulheres inalcançáveis são as que inspiram as melhores escadas, os mais eficazes venenos e os suicídios mais justificáveis.
Consciência
Venho descobrindo que minha melhor contribuição para a literatura pode ser escrever cada vez menos ou definitivamente nada mais.
Atualização
Está certo que morrer de amor é já há muito tempo uma hipótese descabida. Mas um chiliquezinho e um desmaio, de vez em quando, não fazem mal a ninguém.
Delicadeza
Conte a um poeta romântico seus sucessos amorosos, mas jamais as desilusões, a menos que você queira matá-lo de inveja.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
Se (para Inês Pedrosa)
Os homens, quase todos, conhecem só metade da beleza feminina e há milênios dizem-se apaixonados. Ah, se julgassem com critérios além dos ditados pelas mãos e pelos olhos e a conhecessem inteira...
Seis versos de Giorgios Seferis
"Ainda um pouco
E veremos as amendoeiras florirem
Os mármores brilharem ao sol
O mar, as vagas que arrebentam.
Ainda um pouco
Elevemo-nos um pouco mais alto."
(De Poemas, tradução de Darcy Damasceno, Coleção Prêmios Nobel de Literatura, Editora Delta.)
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E veremos as amendoeiras florirem
Os mármores brilharem ao sol
O mar, as vagas que arrebentam.
Ainda um pouco
Elevemo-nos um pouco mais alto."
(De Poemas, tradução de Darcy Damasceno, Coleção Prêmios Nobel de Literatura, Editora Delta.)
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Da gaveta mais inesperada
Ele encostou a orelha na orelha dela e começaram os dois a ouvir o mar que havia em cada concha. A princípio foi um rumorejar de ondas calmas, porém aos poucos a ele e a ela foram chegando gritos de piratas que clamavam pela abordagem, pelo embate de corpos no convés e pela frenética conquista.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019
De uma pilha amontoada num canto
A mão dela era pequena e ele, ao colocá-la entre as suas, sentiu-se como alguém que estivesse protegendo um passarinho. Aos poucos, entretanto, começou a vir dos dedos dela, da palma, uma mornidão que foi se tornando tão aguda que ele teve o ímpeto de ir apertando devagar o passarinho, como se fosse não mais um hóspede seu, mas um prisioneiro.
Coerência
Como diz um velho político, tido também como filósofo, a moderação é tão alta virtude que mesmo a honestidade, quando praticada, deve levá-la em conta.
domingo, 17 de fevereiro de 2019
Cálculo
Para os preguiçosos e os não versados em aritmética, um passo dado já é meio caminho andado.
sábado, 16 de fevereiro de 2019
Uma quadrinha de Holtelino Tlocaletla
Diógenes, poblezinho,
Vivia vida de cão.
Comia só um platinho,
E Sóclates, um platão.
Vivia vida de cão.
Comia só um platinho,
E Sóclates, um platão.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
Ontem
Na prosaica Cursino, enfeada pelas soturnas lojinhas de autopeças, seria estranho pensar que houvesse espaço para a beleza. Então a garota surgiu. Deve ter trazido com ela o sol, porque só aí o notei. Eu a olhei como se ela fosse o que era: uma loira epifania. Eu morreria feliz naquele instante, ah, eu morreria, se ela me pedisse, ainda que apenas com uma piscada de seus olhos magnificamente azuis.
Evolução
Na minha infância, desperdicei febres de quarenta graus com miudezas como gripe e sarampo. Só alguns anos depois conheci o èxtase das consumpções amorosas.
Pobre William
Shakespeare, se fosse vivo e paulistano, não resistiria a uma semana de fofocas nos botecos da Vila Madalena.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019
Do fundo do baú
Depois de três horas de tortura, o Amor perguntou de novo: "Quem é o teu senhor? Confessa!" Minhas costas sangravam deliciosamente e eu me curvei para beijar a mão que me chicoteava.
Tirado de uma pilha antiga
Com a desculpa de afastar deles um cisco, pôs-se a soprar os cabelos dela, e eles repentinamente começaram a levantar ondas nas quais seus lábios venturosamente se afogaram.
Planos para a noite
Que ele me lamba, como ontem. Que esteja menos medrosinho, hoje, e sua língua um pouco mais esperta e exata. Se ele quiser ir além das brincadeirinhas, por que não? Parece um bom menino.
Encontrado entre papéis avulsos
"Que lindo! Parece o de um menino", ela disse quando o viu nu. E, porque era a primeira mulher que se referia àquilo sem desdém, e até com entusiasmo, ele - sem saber o que dizer - disse obrigado e começou a chorar. Como um menino.
Cotação em 14/2
Em tudo perdi a fé
E já não tenho esperança.
Sou fraco, inútil, e até
Dormir agora me cansa.
E já não tenho esperança.
Sou fraco, inútil, e até
Dormir agora me cansa.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Enredo russo
O sonho estava indo muito bem. Ele era apaixonado por uma princesa russa, Olga, que tinha fugido do palácio e do marido, Ígor, para viver com ele numa cabana. Até que o morador de uma cabana vizinha, um bastardo sem eira, beira ou nome, ganhou dele a posse de Olga, na última rodada de pôquer antes de o sonho acabar.
O preço
Que triste é ver, nas fotobiografias, o menino de dez anos, magro como um passarinho, transformado no senhor rechonchudo, enfiado a custo no fardão da academia de letras.
Fora do padrão
Vi uma vez um morto tão inconvincente que estive a ponto de lhe conceder o benefício da dúvida e lhe aplicar um beliscão na bochecha rosada.
Resgatado de papéis íntimos
Beijam-se como se fosse a primeira vez, ou a última. Os lábios se procuram quase com raiva, como se entre eles houvesse uma antiga desavença. Os dentes entrechocam-se, as línguas se atacam, se punem, como animais de diferentes espécies. O homem e a mulher parecem estar determinados a engolir o ar, ela o dele, ele o dela. As mãos também se apertam, como se quisessem destroçar-se. Dura alguns minutos a batalha. Quando ela termina, as mãos se soltam, contrafeitas como se lhes tivesse faltado conquistar territórios, e nos lábios há um gosto de maçãs machucadas.
Número final
Quando o coelho morreu, o mágico o enfiou na cartola e o emterrou no quintal, ao lado da ameixeira.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2019
De um velho arquivo
Quero o que tiveres de mais salgado e pecaminoso. Embora maus, sei fazer versos líricos e conheço três floriculturas. Posso oferecer-te poemas e rosas ou, se preferires, um gato de espécie exótica. Andarei, se quiseres, de mão dadas contigo no parque e falaremos de literaturas e filosofias, enquanto houver sol. Mas, quando anoitecer, puxa-me para a grama. Puxa-me, ou puxo-te eu. Puxa-me e ensina-me tudo que tiveres aprendido nos livros de pornografia. Ensina-me, ou ensino-te eu.
Por quê?
Você falava de amor como se fosse um mancebo ou uma donzela. Como riam, como zombavam. Ah, por que você não falou mais? Que rissem, que zombassem.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Em sua vida
Você talvez não me leia hoje -
você estará ocupada com suas coisas
aquelas do dia a dia
e deixará para ler-me depois
Depois você se esquecerá
é natural
e não saberá
que talvez hoje eu tenha dito
enfim com as palavras certas
que tudo que eu quero de você
como ontem queria
é que você me inclua
entre as coisas do seu dia -
a ida ao cabeleireiro
a visita à esteticista
o café com as amigas
o cineminha no shopping
a sessão com o psicanalista.
você estará ocupada com suas coisas
aquelas do dia a dia
e deixará para ler-me depois
Depois você se esquecerá
é natural
e não saberá
que talvez hoje eu tenha dito
enfim com as palavras certas
que tudo que eu quero de você
como ontem queria
é que você me inclua
entre as coisas do seu dia -
a ida ao cabeleireiro
a visita à esteticista
o café com as amigas
o cineminha no shopping
a sessão com o psicanalista.
domingo, 10 de fevereiro de 2019
Fofocas
Quando dois escritores se põem a conversar, as orelhas dos outros, até de alguns mortos, começam a arder.
RSVP
Há os chamados escritores de coquetel. Os rissoles, assim que veem chegar o primeiro deles, sabem que estão vivendo seu último dia.
Prudência (p/ Lucia de Moura Chamma)
Há escritores que só reconhecem a superioridade de Shakespeare para não parecerem presunçosos.
Mártires
Certos escritores querem passar a impressão de que carregam a literatura nas costas. São esquálidos, pálidos, lastimáveis. E chatos.
Hoje, na revista Rubem,
reúno uma porção das frases curtas que a preguiça vem me ditando.
https://rubem.wordpress.com/2019/02/10/curtas-e-talvez-so-isso-raul-drewnick/
https://rubem.wordpress.com/2019/02/10/curtas-e-talvez-so-isso-raul-drewnick/
Tertius (para Ana Farrah Baunilha)
Tinham tanto amor um pelo outro
que para dar conta dele inteiro
precisaram introduzir na cama um terceiro.
que para dar conta dele inteiro
precisaram introduzir na cama um terceiro.
Épocas
Eu me dei melhor com a poesia quando menino. Ela está certa. Por que deveria aturar as tolices de um velhote?
Sinônimos
Quando você diz poesia, deve dizer com a mesma esperançosa reverência com que o pobre, no sonho, diz pão.
sábado, 9 de fevereiro de 2019
A condessa na cama
Quando a condessa dizia ai meu Deus, eu nunca imaginei que ela se referisse a mim e me agradecesse por meus desajeitados truques eróticos. Sempre soube que era só uma interjeição, nada mais que isso.
Até quando
Até quando tentaremos impingir nossos textos aos leitores? Tão mais fácil transcrever Shakespeare, citar-lhe o nome e ir passear ao sol...
Ocorrência
Morreu com um tiro no coração e um nome na boca. Ninguém o ouviu, mas um desses homens que sempre se encontram no palco de tragédias e têm o vício da literatura garantiu que o nome era Amor.
Ponto de vista
Há quem encare o amor com olhos de secretário de vias públicas e julgue que tudo se resume em tapar buracos.
Dever
Devemos servir à poesia com fervor, como se tivéssemos algo a lhe oferecer além de nossa presunção e de nossa mediocridade.
Esta noite
Esta noite você ouviu de novo o pássaro da juventude Cantava uma canção que falava de perdas e morte, mas você o absolveu, porque o sonho todo era triste.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019
Hoje no Estadão
Completo a série que homenageia essas adoráveis criaturas.
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
Sintomas
Os que morrerão de amor ainda não sabem, mas já há quem note como vão se parecendo cada dia mais com os tolos e os mártires.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
Soneto de louvor ao silêncio
O que hei de aos outros dizer
Que já não tenham ouvido,
Que ainda não hajam sabido
E que lhes possa valer?
Bem age se emudecer,
Ficar oculto, escondido,
Quem em tudo foi vencido,
Quem nada soube vencer.
Quem quer ouvir a experiência
De alguém cuja única ciência
Foi falhar e refalhar?
Que eu possa manter-me mudo
Sempre sobre aquilo tudo
Com que não soube lidar.
Que já não tenham ouvido,
Que ainda não hajam sabido
E que lhes possa valer?
Bem age se emudecer,
Ficar oculto, escondido,
Quem em tudo foi vencido,
Quem nada soube vencer.
Quem quer ouvir a experiência
De alguém cuja única ciência
Foi falhar e refalhar?
Que eu possa manter-me mudo
Sempre sobre aquilo tudo
Com que não soube lidar.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
Soneto de como o amor me pagou
Do amor eu fui um vassalo.
Tratei-o sempre a contento,
Nasci para dar-lhe alento
E vivi para louvá-lo.
Fui seu cão, seu cavalo,
Fui sua rês, seu armento,
Fui seu pão, fui seu sustento,
Sua consolo e seu regalo.
De mim o amor se valeu,
De mim o amor se preencheu,
De mim o amor se nutriu.
Quando de mim se fartou,
Sem titubear me mandou
À vaca que me pariu.
Tratei-o sempre a contento,
Nasci para dar-lhe alento
E vivi para louvá-lo.
Fui seu cão, seu cavalo,
Fui sua rês, seu armento,
Fui seu pão, fui seu sustento,
Sua consolo e seu regalo.
De mim o amor se valeu,
De mim o amor se preencheu,
De mim o amor se nutriu.
Quando de mim se fartou,
Sem titubear me mandou
À vaca que me pariu.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Hoje no Estadão
falo um pouco mais dos chatos.
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/os-chatos-lembram/
https://emais.estadao.com.br/blogs/escreviver/os-chatos-lembram/