Foi há muito tempo. Eu era humilde, como hoje. Não me distinguia em nada, embora me considerasse, como agora, poeta. Assim como a de hoje, era obscura minha vida. E, assim como nesta, apaixonei-me absurdamente por uma rainha. Afortunadamente favorecido por um deus benigno, eu, o mais insignificante dos lacaios do palácio, era em certas noites introduzido na alcova real, e, pela madrugada adentro, em tons que a paixão me ditava, murmurava minha alteza, minha majestade, minha rainha, e ouvia, em resposta: poeta, meu poeta, poeta.
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