De carne morna e de cetim
Sente aquilo que chama de nostalgia do batom. Tem saudade dos lábios que beijou, dos seus inquietantes e propiciatórios sabores artificiais. Neles sentia o doce alvoroço da transgressão, do pecado. Que prazer antecipado era vê-los falar, comer, beber, reter por um instante uma migalha, enquanto se aproximava o momento em que fixaria a boca ali, naquele laranja ou carmim que era como uma areia movediça chamando mais para o fundo, mais para o fundo, prometendo aos sentidos estremecimentos de carne morna e de cetim.
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