Imortalidade
Tem a impressão, quase a certeza, de que, se pudesse manter os lábios onde estão, e as mãos onde se apoiam, e continuasse subindo e descendo o corpo, e cavando, não morreria nunca. A morte não se atreveria a atingi-lo. Ele mantém os lábios nos lábios dela, as mãos espalmadas na cama, dando base ao corpo que sobe e desce, e cava. Se permanecesse assim, se aguentasse, não morreria. Mas quer morrer agora, agora que o gozo começa ali onde ele, estremecendo, já não consegue cavar tão intensamente quanto cavava.
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