O fascínio pelos balangandãs
O jovem, quando tem a pretensão de ser escritor, é tentado a confundir arte com artifício e, como está na maravilhosa fase da descoberta de palavras, procura usá-las todas nos seus textos, tenham elas cabimento ou não. E os textos se carregam de festas feéricas, colheitas opíparas, estrelas iridescentes. E aproximar-se vira apropinquar-se, dificultar se torna obstaculizar, alimento saboroso transforma-se em iguaria, ambrosia ou - !!! - cibo. Depois dessa época em que vê a literatura como uma árvore de Natal e a enfeita com os mais exóticos penduricalhos, o candidato a escritor começará a notar, se tiver bom-senso, que o caminho é o inverso: despir a árvore dos balangandãs.
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