segunda-feira, 24 de junho de 2019
Toninho Estadão
No início dos anos 60, o mundo girava em torno do número 28 da Major Quedinho, edifício do Estadão. Revoluções, regimes derrubados, governos empossados, catástrofes, tudo vinha pedir espaço no jornal, e as Olivettis, lançando fogo pelo teclado, eram massacradas pelos redatores que tentavam acompanhar o frenético giro do planeta, palco da aventura humana, de seus triunfos e abominações. Ali morreram Picassos, Kennedys, ali foram coroados reis e rainhas, ali se lançaram foguetes, ali se transplantou o primeiro coração e se ganharam e perderam Copas. O mundo girou ali até que o jornal, nos anos 70, o levou para girar no bairro do Limão. Algumas coisas mudaram nesse tempo. Antonio Carvalho Mendes, um daqueles rapazes que se atiravam sobre as Olivettis, passou a escrever no micro. No mais, continuou o mesmo. Ele era Estadão, sempre. Foi Estadão por 50 anos. Toninho morreu e, se teve uma frustração, foi a de não poder ter sido Estadão desde 1875, ano em que o jornal foi fundado.
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